Contaminação por elementos tóxicos em produtos para melhorar a performance física varia de 5 a 64% d
- Dra Mari Cassol
- 5 de set. de 2018
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As conseqüências prejudiciais do abuso de substâncias estimulantes e que aumentam o desempenho (PES = performance-enhancing substances), entre atletas, fisiculturistas e treinadores físicos são cada vez mais comuns. No entanto, os resultados adversos para a saúde, com consequências graves, inesperadas e dramáticas são subnotificados, em detrimento da glória de curto prazo e dos efeitos na imagem corporal.
Um relato de caso no qual um homem de 35 anos apresentou com quadro de hepatite aguda tóxica, fruto do uso indevido de suplementos e esteróides para melhorar performance física chamou a atenção devido a evolução com insuficiência renal, encefalopatia e supressão de medula óssea, que, apesar do suporte clínico progrediu para o óbito em 15 dias. Após análise dos potes de produtos encontrados com o paciente, em um deles foi confirmada contaminação por arsênico. O arsênico é um metal tóxico, inodoro e insípido. Este caso ilustra uma situação subdiagnosticada: a contaminação de produtos vendidos como “naturais” por elementos tóxicos, que varia de 5 a 64% dos suplementos testados em alguns estudos. Em especial os PES que são produzidos a partir de matéria-prima crua. No referido caso, os níveis encontrados de arsênico atingiam mais de 100 vezes o máximo tolerado, razão pela qual a vítima teve desfecho letal apesar da terapia quelante associada à hemodiálise.
Coquetéis clandestinos e autoadministráveis, incluindo agentes anabólicos, classes emergentes de peptídeos liberadores de GH, precursores androgênicos e estimulantes, podem levar a conseqüências adversas, incluindo mortalidade precoce, acelerar malignidade e expor ou predispor usuários ao perigo extremo de contaminantes. O relato de caso foi descrito na conceituada revista científica JCEM com o título The Adverse Health Consequences of the Use of Multiple Performance-Enhancing Substances, ele reforça a necessidade de aumentarmos a conscientização e destaca os desafios que as agências reguladoras e os clínicos enfrentam em decorrência do rápido desenvolvimento do comércio lícito e ilícito desses produtos.
Mas a boa notícia é que quando observada a qualidade e tomados adequadamente, os efeitos podem ser satisfatórios e trazer resultados positivos ao corpo, mas é preciso ficar atento para que seu uso não seja maior do que o indicado.

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